DEFINIÇÃO
A epilepsia é uma entidade mórbida conhecida desde vários séculos AC. Todavia, a crise convulsiva devido ao caráter abrupto e inesperado do seu aparecimento e a dramaticidade de suas manifestações habituais sempre se revestiam, em toda sua evolução, paralela à própria evolução do homem, de um carácter místico, dependente de interferências sobrenaturais, divinas ou demoníacas.
Suas diversas denominações populares já testemunhava o carácter esotérico das causas a ela atribuídas. Era “o mau sagrado” (“morbus sacer“) .
Segundo a tradição sua manifestação em qualquer participante de um comício romano, seria sinal que essa reunião, desagradável aos deuses deveria ser interrompida. Era denominada então “morbus comicialis”.
Há relatos bíblicos, em que, os epilépticos eram purificados, com exorcismos, para libertar do corpo, o demônio que o havia possuído.
Hipócrates 460 AC - Tentava explicar a seus discípulos que o “mau sagrado”, era proveniente de alterações fisiológicas do cérebro.
Galeno cinco séculos depois, admite a origem cerebral da epilepsia.
No período triste da Inquisição, os epilépticos, eram purificados pelo fogo sagrado, com a finalidade de libertar o espírito maligno que por bruxarias e feitiços havia possuído o infeliz paciente.
As epilepsias representam uma alteração do rítmo neuronal cujos mecanismos bioquímicos e fisiológicos são imprecisos.
Dependendo do local onde apareça esta descarga neuronal evidencia-se, as formas mais variadas de alterações do mecanismo eletroencefálicos.
A maioria dos casos inicia-se na infância devido ao fato de haver, neste período, imaturidade córtico, sub-cortical, e baixo linear convulsivante, pois alterações metabólicas são suficientes para desencadear as crises.
INCIDÊNCIA DAS EPILEPSIAS
A idade de início das crises é variável, mas existem faixas etárias referenciais:
Nos primeiros dois anos - alterações pré-natais;
Entre os 4-8 anos - sem causa aparente;
No início da puberdade - provavelmente, está relacionado às alterações bioquímicas e fisiológicas da adolescência.
CONVULSÕES
A Convulsão é o sintoma de uma disfunção do cérebro gerada pela atividade anormal de neurónios de forma excessiva e/ou hipersincrônica, geralmente autolimitada, no córtex cerebral.
As convulsões podem ser classificadas em:
1. Convulsões Parciais (focais/locais);
2. Convulsões Generalizadas;
3. Convulsões Epilépticas não classificadas;
1. Convulsões Parciais
Atividade anormal localizada de sistema anatómico ou funcional de neurónios de um hemisfério;
Pode ser manifestação de várias lesões cerebrais que podem incluir malformações congénitas, tumor, lesões traumáticas, infecção ou isquemia;
Os sintomas podem ser motores, sensoriais, autônomos ou uma combinação deles;
2. Convulsões Generalizadas
São aquelas em que existe um comprometimento da consciência,
seguido por aspectos clínicos que não manifestam sinais ou sintomas que possam ser atribuídos a uma localização anatómica.
CONVULSÕES FEBRIS
O termo convulsão febril benigna é usado para definir uma crise convulsiva que ocorra na vigência de uma hipertermia desencadeada por infecções extracranianas, isto é, que acometem outros órgãos ou sistemas do corpo que não o sistema nervoso.
CONVULSÕES FEBRIS
Lactentes e crianças (3 meses à 5 anos);
2 à 5% das crianças;
Responsável por 50% das causas de convulsão nessa faixa etária;
> em meninos do que em meninas;
> em negros do que em brancos;
< idade > chance de recorrência;
TRATAMENTO
As limitações que a epilepsia impõe são relativas a atividades nas quais a ocorrência de uma convulsão coloca em risco físico o paciente ou outras pessoas como, por exemplo, a natação sem supervisão.
Devem-se evitar desencadeantes conhecidos de convulsões (exposição muito prolongada ao sol, privação de sono por muitas horas além do habitual, ingestão, em uma só refeição, de exagerada quantidade de hidratos de carbono ou de líquidos e ainda bebidas alcóolicas). As atividades recreativas, esportivas e escolares não necessitam restrições. Se, além das crises convulsivas, há também dificuldade escolar, tornam-se necessárias uma avaliação e uma orientação especiais.
Deve-se prevenir a família contra os inconvenientes da superproteção, totalmente desnecessária. Precisa-se orientar também a criança para que não se sinta “diferente”, pelo fato de ter uma doença cronica, por receber remédios constantemente e mesmo por sofrer ocasionais convulsões.
Há critérios para o emprego dos medicamentos anticonvulsivantes:
Determina-se a dose da medicação para cada paciente. Varia entre a mínima capaz de controlar as crises e a máxima tolerável pela criança. Para indicar as doses iniciais e orientar sobre os efeitos colaterais, são úteis os cálculos em relação ao peso corporal.
É preferível, de início, prescrever apenas uma droga a fim de melhor avaliar sua eficácia e aceitação. Se necessário for, acrescenta-se outra medicação.
Administrar, nos primeiros dias, apenas frações da dose total prevista. Aumentá-la, de modo progressivo, a fim de avaliar os seus efeitos.
Dividir a dose total diária em duas a três tomadas conforme o tempo de ação de cada substância.
Aguardar, de duas a quatro semanas, para julgar a respeito da utilidade da(s) droga(s), pois, nas doses habituais, é necessário algum tempo para que atinja(m) níveis efetivos.
Uma vez estabelecido um esquema, mantê-lo constantemente, sem interrupções e, de preferência, sempre no mesmo horário.
A suspensão ou troca de medicação, já em uso regular, faz-se de modo lento e progressivo, a não ser em face de intolerância grave. No caso de substituição, a medida que se retira uma droga, introduz-se outra, em doses crescentes, no período de, pelo menos, duas semanas.
Dispensar especial atenção aos efeitos colaterais (sonolência, excitação) e tóxicos (hipoplasia de medula óssea) que podem surgir mesmo após tempo de uso de algumas substâncias.
TRATAMENTO MEDICAMENTOSO:
O fenobarbital (Gardenal), na dose de 50 a 100 mg, usa-se, de preferência, a noite, devido a sonolência que produz. Pode, paradoxalmente, provocar excitação. É pouco tóxico e é de grande utilidade na maioria dos tipos de epilepsia.
A difenil-hidantoina sódica (Epelin, Hidantal) prescreve-se de modo isolado ou em associação ao fenobarbital na dose de 100 a 300 mg diários, divididos em duas ou três tomadas. Observe-se, com certa frequência, hiperplasia gengival, hipertricose, reação alérgica, ataxia e, eventualmente, leucopenia.
A primidona (Mysoline) usa-se na dose de 250 a 500 mg diários, divididos em duas tomadas. Tem as mesmas indicações que as drogas anteriores, isto é, crises tipo grande mal e crises focais. Pode provocar, entre outras reações, sonolência, náuseas e ataxia.
A carbamazepina (Tegretol) – bastante útil nos distúrbios intercríticos de comportamento, tem indicação na epilepsia temporal. Sua dose varia de 200 a 400 mg diários, divididos em duas a três tomadas. Pode produzir sonolência e, por vezes, excitação.
O valproato de sódio, não leva a indução enzimática e sua associação em politerapia eleva os níveis de outras drogas epilépticas. A dose média efetiva varia de 1000 a 3000 ml/dia em crianças maiores. O clonazepan é outro benzodiazepínico reconhecido para as crises miioclônicas e crises tônico-clônico generalizadas. A dose diária varia de 0,5 a 2 mg/dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comentem o quanto quiserem